A Crise nos Púlpitos e a Pregação Expositiva - Parte 1

      O Brasil atualmente vive uma crise nos púlpitos das igrejas evangélicas. Ou melhor, esta é um época na qual os pregadores que ocupam os púlpitos das igrejas no Brasil estão negligenciando (consciente ou inconscientemente) o dever e a responsabilidade da proclamação fiel das verdades bíblicas. Com isso, a liderança cristã brasileira caiu em descrédito. Em consequência disso o que se encontra pelo país são igrejas se afastando do verdadeiro evangelho, negando a cruz, Cristãos que mal conhecem Jesus Cristo, pessoas deixando a fé na autoridade e poder da Bíblia. Vários fatores influenciaram para esta crise nos púlpitos. Não sou nenhum especialista no assunto, mas apontarei aqui apenas alguns dos problemas que tenho presenciado ouvindo sermões e que percebo como recorrentes e presentes nesta crise brasileira.

Trivialização da Mensagem Bíblica
Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa" (Ex 3.5 - NVI). Assim como Deus alertou Moisés que o lugar onde ele estava era santo, semelhantemente,  devemos lembrar que manejar a Palavra de Deus é lhe dar com coisas santas. Ao penetrar na mensagem bíblica estamos entrando em solo santo. Mas o que se vê são pregadores que tratam com desdém a Palavra que é viva e eficaz (Hb 4.12), que tem a chave para a vida eterna e testifica de Cristo (Jo 5.39). Comparam as verdades bíblicas à simples filosofia ou psicologia, falam de Cristo como mais um homem, da cruz como algo que ficou para trás, marginalizam essas e tantas outras maravilhosas verdades bíblicas. Tratam a Bíblia como mais um livro. Deus é Santo, Santo, Santo e sua Palavra Santa deve ser tratada como tal.

Falta de amor pelas vidas dos ouvintes
"A mão do SENHOR estava sobre mim, e por Seu Espírito Ele me levou a um vale cheio de ossos." (Ez 37.1 - NVI). Ezequiel em sua visão foi levado a um vale de osso secos e ele deveria pregar àquele vale seco para que ele tivesse vida. Esse vale representava Israel, morta, sem vida. Assim são as pessoas hoje no mundo. Ainda mortas e sem vida. E mesmo aquelas que tem vida, que foram alcançadas pela graça, continuam marcadas e deformadas pela pecado. Se um dos fatores é a banalização da Palavra de Deus, quero falar aqui da banalização das vidas que ouvem os pregadores. Os pregadores parecem não ter consciência de que os que o ouvem são pecadores, pessoas potencialmente condenadas o inferno, pessoas com a alma ferida. E ao chegar o domingo a noite [sem amor] pregam sermões ralos, sem conteúdo, sem preparo algum (as vezes de até improviso), que não transmitem vida. Os ouvintes, sejam eles cristãos ou não, são pecadores que precisam desesperadamente da Mensagem fiel de Deus, e não podemos negligenciar isto (Jn 4.12).

Descrença na Bíblia, pragmatismo e humanismo.
"Pois a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ele penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração" (Hb 4.12 - NVI). Os dois fatores anteriores parecem ser motivados por este. Atualmente há um crescente movimento de descrença na Bíblia como Palavra de Deus. Esse movimento (disseminado por ideias liberais e neo-ortodoxas) mata a espiritualidade verdadeira dos pregadores (e surgem pregadores sem vida espiritual devocional), do sermão e a igreja sofre com isso. Além disso, a falta de fé na Bíblia e em seu poder acaba abrindo espaço principalmente para o pragmatismo e o humanismo. E o sermão, ao invés de glorificar a Deus, passa a glorificar o homem.  O sermão passa a ter a intenção principal de atrair gente, deixa de confrontar para confortar, deixa de tirar pessoas do inferno para as mandarem direto para lá e, tomando emprestado as palavras de C. H. Spurgeon, deixam de alimentar ovelhas para entreter bodes. Lembremos que a Bíblia (toda ela) é suficientemente poderosa para para ensinar, exortar, corrigir e instruir em justiça (2 Tm 3.16).

Compromisso com o programa
Visto que a falta de fé tem dado lugar ao pragmatismo e ao humanismo, o compromisso dos pregadores (pragmáticos e humanistas - ao menos na prática) deixou de ser com a pregação fiel das Escrituras para ser com a programação do culto. Num culto de 2hs, em geral, 1h e 40min, ou mais, é destinado a música e outras coisas e o tempo destinado ao sermão é o que sobrar. Os pregadores procuram utilizar o mínimo possível com medo de que os irmão se chateiem com a duração da mensagem, ou preocupados porque o culto não pode passar de X horas. Nosso compromisso deve ser prioritariamente com a pregação do evangelho pois foi dele que fomos constituídos pregadores e mestres (2 Tm 1.11).


Falta de Hermenêutica
Não poderia deixar de falar também da falta de hermenêutica dos pregadores. A hermenêutica (interpretação) bíblica é fundamental para a pregação fiel da Palavra de Deus. Quando a hermenêutica bíblica é negligenciada a Mensagem Divina é adulterada. Muitas vezes as heresias surgem dos próprios púlpitos cristãos. Não é difícil ver pastores leem um texto bíblico e não pregam o que está no texto. Daí já vi dizerem que os sete mergulhos de Naamã representam sete pecados a ser purificados; que o texto "heis que estou a porte e bato" de Ap 3 representa Jesus ("tão sofrido, coitado") morrendo de frio, implorando, batendo na porta do coração das pessoas pedindo pra entrar na vida delas; que "Crê no Senhor Jesus e serás, salvo tua a tua casa" é uma promessa universal... Essas e tantas outras deturpações bíblicas são divulgas nos púlpitos do nosso país.

Falta de preparo teológico
Antes gostaria de esclarecer que não penso que só pode ser pregador quem tiver um diploma de teologia. Mas, em contrapartida, também não é qualquer pessoa sem preparo que pode exercer tal ministério. E o que mais vemos são pessoas que, sem orientação teológica, são destinadas ao ministério da Palavra (ou jogadas nas congregações) desprovidas de qualquer orientação teológica, que acham que entregar um sermão no púlpito é como dar uma aula da Escola Bíblica, que até subestimam a importância do "caderno" por entenderem que a letra mata (olha a falta de hermenêutica de novo) e que na hora H o Espírito Santo falará magicamente pela boca do pregador. Paulo, no entanto, disse que os que almejam o ministério da Palavra devem ser aptos para ensinar, devem ser mestres, professores (1 Tm 3.2; 1 Tm 4.11; Ef 4.11; ), o que exige tanto uma vida de dependência da ação, quanto estudo constante da Bíblia e orientação teológica.

Encerro por aqui a lista na esperança de que os pregadores do nosso país (ou ao menos os que leram este texto) acordem para a necessidade de uma filosofia e prática de ministério fielmente bíblicos, e incentivem outros a enxergarem a nossa crítica realidade e a necessidade urgente de mudança. Meu desejo também é que os ouvintes, os que sentam para ouvir os sermões no nosso país, enxerguem esta mesma crise, e entendam que a falta de saúde na maioria das igrejas de nosso país é motivada também por esta crise nos púlpitos.

"Procure apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar,

que maneja bem a palavra da verdade" 2 Tm 2.15

Shalom;

Maykon Renner.

  é uma promessa. A mão do Senhor estava sobre mim, e por seu Espírito ele me levou a um vale cheio de ossos.

Ezequiel 37:1

 Ao Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa".

Êxodo 3:5

Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa".

Êxodo 3:5

Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa".

Êxodo 3:5

Então disse Deus: "Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa".

Êxodo 3:5