Ao contrário do que se pensa, a
Igreja, na qualidade de instituição, nem sempre foi da forma que conhecemos,
não nasceu pronta, e não tinha os costumes aos quais somos familiarizados
hoje. No processo de institucionalização, à pesar do crescimento quase que
exponencial, passou por várias mudanças que influenciaram negativamente sua
formação.
Nos primeiros anos os cristãos eram
perseguidos pelo Estado e se reuniam secretamente em catacumbas, pois era
considerado uma seita política que agia contra o imperador. Assim foi nos
primeiros séculos do cristianismo. Mas ao mesmo tempo o Estado Romano passava
por crises políticas e revoluções. Na segunda metade do séc. III, Diocleciano
reorganizou o Império e tentou acabar com o cristianismo, porém o crescimento dos cristãos parecia ameaçar
a cultura. Constantino, sucessor de Diocleciano, mais astuto, percebeu que não
venceria pela força. Então, após uma suposta visão de uma cruz, em 312 d.C. numa batalha, que
lhe garantiu a vitória, converteu-se e decidiu, em 313 d.C.,
garantir à Igreja a liberdade de culto.
A partir de então começou a processo
de institucionalização da Igreja. O Imperador passou a conceder privilégios à
Igreja, e a Igreja passou a envolver-se cada vez mais com assuntos do Estado. E de
perseguida, passou agora à perseguidora dos que não aceitavam o cristianismo.
Constantino instituiu também o “Dia do Sol” (Domingo) como dia de culto, e sua
presença nos cultos estimulou grande parte dos cidadãos romanos a frequentarem
o culto também, e a se vestirem bem, nesse dia especial, para encontrar com o
Imperador. Em seguida, com a expansão do Império Romano, e posteriormente com a
invasão dos bárbaros, a Igreja percebeu a importância de levar o cristianismo
aos bárbaros. O que resultou em conversões em massa dos bárbaros. E juntamente
com os bárbaros veio a sua cultura que acabou por adentrar à cultura da Igreja.
A consequência de todas essas
transformações foram: o domingo passou a ser o dia principal da Igreja,
aumentaram o números de cerimônias e sacramentos, a teologia foi afetada,
instituição de dias santos, adição de festas “estranhas” ao cristianismo, culto
aos heróis (ou santos) e surgimento de uma hierarquia sacerdotal. De uma forma
resumida:
Em 590, Igreja tinha não somente se libertado do Estado Romano, mas
também se tornado intimamente associada a ele. Deus também sua contribuição ao
converter ao cristianismo os invasores teutões do Império [...]. No processo,
porém, massa de pagãos [...] entraram logo para a Igreja sem serem devidamente
doutrinados [...]. Muitos deles trouxeram para a Igreja seus velhos padrões de
vida e costumes. [...] Ao tentar resolver o problema da presença bárbara, a
Igreja acabou parcialmente paganizada. (CAIRNS, 2008, p. 110)
Então vemos, pela história, que a
Igreja foi afetada pela influências da sua época, o que resultou numa perda parcial
de sua identidade. Problema que está enraizado nas suas origens. Muitos dos
nossos costumes hoje ainda derivam dessas influências da Igreja nos primeiros
séculos. Mas alguns foram adquiridos por nós ainda “recentemente”. Cada grupo
ou comunidade cristã tem seus próprios usos e costumes, que podem vir de uma
longa história ou ser adquiridos a pouco tempo. Porém o problema não está em
adquirir práticas novas, sejam elas de qualquer origem, para identificar o
grupo ou aperfeiçoar a liturgia, o problema está em como essas práticas se
relacionam com a sã doutrina bíblica. Essa foi a maior dificuldade da Igreja
nos primeiros séculos.
Vamos ver um exemplo da questão. Algumas comunidades cristãs podem
proibir ou liberar o uso de certos instrumentos musicais em seu culto. Porém,
nem as que proíbem nem as que liberam podem reclamar estar mais certas ou
erradas pela bíblia, que não condena nem uma nem outra prática. Então o que
devemos fazer é avaliar o que fazemos e ver se está de acordo com a bíblia.
“mas ponham à prova todas as
coisas e fiquem com o que é bom” 1 Ts 5.21
Paulo aqui falava a respeito da
profecias da época, e a forma de julgá-las era pela bíblia. Mas entendo que, de
forma análoga, pode ser aplicado a todas as áreas da nossa vida, já que um
cristão autêntico só age de acordo com a bíblia. Por isso não podemos aceitar
que nos empurrem tudo calados. Temos que ter censo crítico. Somos aconselhados
a avaliar todas as coisas e ficar apenas com o que é bom. E é comparando à
bíblia que chegamos à conclusão se algo é aceitável ou não.
CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos: Uma história da Igreja Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2008.
VEJA:
Parte 2 - O Misticismo na Igreja de Hoje
Parte 3 - O Paganismo na Igreja de Hoje
Parte 4 - O Catolicismo na Igreja de Hoje
Parte 5 - Conclusão: Uma Visão Crítica da Igreja de Hoje
CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos: Uma história da Igreja Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2008.
VEJA:
Parte 2 - O Misticismo na Igreja de Hoje
Parte 3 - O Paganismo na Igreja de Hoje
Parte 4 - O Catolicismo na Igreja de Hoje
Parte 5 - Conclusão: Uma Visão Crítica da Igreja de Hoje
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