Antes de irmos mais profundamente na nossa
análise sobre o misticismo na igreja cristã hoje, precisamos primeiro entender
o significado desta palavra (misticismo), sua aplicação e como ela é entendida
hoje pelas pessoas.
De acordo com o Dicionário Aurélio
entendemos “misticismo” da seguinte forma:
Misticismo:
sm. 1. Estado espiritual de união com o divino, o sobrenatural. 2. Doutrina que afirma a possibilidade
dessa união. 3. Religiosidade profunda. Trocando em “miúdos” o
misticismo pressupõe a crença no sobrenatural, a prática de uma espiritualidade
e um relacionamento com o divino. Desse ponto de vista nós, os cristãos, somos também,
de certa forma, místicos. Visto que cremos no sobrenatural, praticamos uma
espiritualidade, e cremos num ser Divino¹. A etimologia da palavra, derivada do
grego mystikós, faz referência ao
desconhecido, relativo aos mistérios deste mundo e do espiritual.
E o misticismo hoje, no mundo pós-moderno, tem
pendido bem mais para o sobrenatural, o subjetivo, chegando até a fugir do lógico
e racional. E representa a atitude da pessoa que confia quase que
exclusivamente no sobrenatural, e exaltam muito mais a experiência pessoal e
subjetiva. Estimula a superstição, levando as pessoas a crer no poder mágico de
rituais, objetos milagrosos, divindades que não existem e são ineficazes. E o
homem tem sido exaltado a uma posição especial e superior, baseado em suas
experiências pessoais sobrenaturais. E essa forma de religião tem adentrado o
cristianismo de forma assustadora, principalmente através do
neopentecostalismo. Então vamos ver, não todas, mas apenas algumas das práticas
mais gritantes que fazem parte da vida de muitos cristãos hoje, e que revelam
um falso cristianismo resultante dessa cultura pós-moderna.
1 –
Busca por um relacionamento puramente sobrenatural com Yahweh através de
experiências místicas como revelações além da bíblia, “visões poderosas” e
profetadas. O ensino Bíblico tem pouca autoridade diante das revelações pessoais.
2
– Uso de números específicos em rituais cristãos, números como o 7 (considerado
símbolo da perfeição), ou múltiplos de 7, por exemplo. Chavões e palavras
mágicas que fazem milagres como “Eu determino”, “Diga que hoje vai acontecer”,
ou até Iesous ou Yahweh², os nomes de Jesus e Deus respectivamente.
3 – Crença em objetos que emanam poder, como a bíblia aberta no Salmo 91, que protege contra maus espíritos e tudo o mais. O velho e conhecido “copo de água em cima da TV”, além de almofadas, martelos, cornetas, tecidos, “capazes” de fazer curas milagrosas, que são vendidos e na verdade são uma forma de "vender" a fé e enriquecer os pastores que estão a frente desse tipo de coisa.
4 – A prática de cultos e pregações voltadas bem mais para cura, sinais e milagres em benefício do homem, do que verdadeiros sermões inspirados pela ação do Espírito Santo e pelo estudo constante e fiel das sagradas Escrituras. Além de acontecimentos no momento do culto, ou significados da bíblia que só podem ser alcançados pelas pessoas especiais, autoridades espirituais, cristãos mais espiritualmente elevados.
Paulo alertou Timóteo sobre os que buscariam esses tipos de ensinamentos:
"Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos." 2 Tm 4.3
Segundo a exortação de Paulo, haveria já naquele tempo pessoas que prefeririam ouvir doutrinas de heresias e sem fundamento bíblico e isso seria consequência do próprio desejo delas de ouvirem falsos ensinamentos (entre eles o misticismo) de acordo com o que fosse conveniente para eles.
Todas essas coisas, e muitas mais
além dessas, são sinais de um cristianismo pós-moderno distante da bíblia e que
ruma para o fracasso. Antes de Israel possuir a terra de Canaã Moisés os
advertiu a respeito desse tipo de prática, que era comum entre os cananeus.
“Não permitam que se ache alguém entre vocês
que queime em sacrifício o seu filho, ou a sua filha; que pratique adivinhação,
ou dedique-se à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria, ou faça
encantamentos; que seja médium ou espírita, ou que consulte os mortos. O SENHOR
têm repugnância por quem pratica essas coisas” Dt 18.10-12b
Paulo, quando escreve aos pastores
Timóteo e Tito os alerta a respeito das “fábulas judaicas”, um tipo de heresia
que surgiu na época que parecia se basear em falsas histórias, fantasiosas, e
supersticiosas. E a sua recomendação era: “repreende-os severamente” (Tt 1.13).
Devemos prezar sempre por um verdadeiro
evangelho, baseado apenas nas escrituras e jamais baseado em superstições e
experiências pessoais. O verdadeiro Cristianismo não é moldado pelas nossas
crenças nem a bíblia interpretada a partir das nossas experiências íntimas. Mas
devemos ser orientados pela lógica das Escrituras e pelo seu poder
transformador e real. Deixemos de lado essa busca pelo mágico e busquemos uma
relação sã com Espírito Santo de Deus que está presente na nossa vida e não
deixa que sejamos iludidos pelo inimigo.
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¹ Cremos
em milagres sobrenaturais, principalmente na ressurreição de Cristo; nos relacionamos com o Espírito Santo de Deus; e adoramos
o nosso criador Yahweh.
² Há quem creia e ensine que os simples nomes
de Jesus e Deus emanam poder, podendo realizar milagres apenas ao serem
citados.
Se ainda não viu, veja:
Parte 1 - O Processo de Institucionalização da Igreja
Parte 3 - O Paganismo na Igreja de Hoje
Parte 4 - O Catolicismo na Igreja de Hoje
Parte 5 - Conclusão: Uma Visão Crítica da Igreja de Hoje
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Parte 1 - O Processo de Institucionalização da Igreja
Parte 3 - O Paganismo na Igreja de Hoje
Parte 4 - O Catolicismo na Igreja de Hoje
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