segunda-feira, 24 de março de 2014

Parte 2 - O Misticismo na Igreja de Hoje



Antes de irmos mais profundamente na nossa análise sobre o misticismo na igreja cristã hoje, precisamos primeiro entender o significado desta palavra (misticismo), sua aplicação e como ela é entendida hoje pelas pessoas.
De acordo com o Dicionário Aurélio entendemos “misticismo” da seguinte forma:
Misticismo: sm. 1. Estado espiritual de união com o divino, o sobrenatural. 2. Doutrina que afirma a possibilidade dessa união. 3.  Religiosidade profunda. Trocando em “miúdos” o misticismo pressupõe a crença no sobrenatural, a prática de uma espiritualidade e um relacionamento com o divino. Desse ponto de vista nós, os cristãos, somos também, de certa forma, místicos. Visto que cremos no sobrenatural, praticamos uma espiritualidade, e cremos num ser Divino¹. A etimologia da palavra, derivada do grego mystikós, faz referência ao desconhecido, relativo aos mistérios deste mundo e do espiritual.
E o misticismo hoje, no mundo pós-moderno, tem pendido bem mais para o sobrenatural, o subjetivo, chegando até a fugir do lógico e racional. E representa a atitude da pessoa que confia quase que exclusivamente no sobrenatural, e exaltam muito mais a experiência pessoal e subjetiva. Estimula a superstição, levando as pessoas a crer no poder mágico de rituais, objetos milagrosos, divindades que não existem e são ineficazes. E o homem tem sido exaltado a uma posição especial e superior, baseado em suas experiências pessoais sobrenaturais. E essa forma de religião tem adentrado o cristianismo de forma assustadora, principalmente através do neopentecostalismo. Então vamos ver, não todas, mas apenas algumas das práticas mais gritantes que fazem parte da vida de muitos cristãos hoje, e que revelam um falso cristianismo resultante dessa cultura pós-moderna.

1 – Busca por um relacionamento puramente sobrenatural com Yahweh através de experiências místicas como revelações além da bíblia, “visões poderosas” e profetadas. O ensino Bíblico tem pouca autoridade diante das revelações pessoais.
2 – Uso de números específicos em rituais cristãos, números como o 7 (considerado símbolo da perfeição), ou múltiplos de 7, por exemplo. Chavões e palavras mágicas que fazem milagres como “Eu determino”, “Diga que hoje vai acontecer”, ou até Iesous ou Yahweh², os nomes de Jesus e Deus respectivamente.


3 – Crença em objetos que emanam poder, como a bíblia aberta no Salmo 91, que protege contra maus espíritos e tudo o mais. O velho e conhecido “copo de água em cima da TV”, além de almofadas, martelos, cornetas, tecidos, “capazes” de fazer curas milagrosas, que são vendidos e na verdade são uma forma de "vender" a fé e enriquecer os pastores que estão a frente desse tipo de coisa.



4 – A prática de cultos e pregações voltadas bem mais para cura, sinais e milagres em benefício do homem, do que verdadeiros sermões inspirados pela ação do Espírito Santo e pelo estudo constante e fiel das sagradas Escrituras. Além de acontecimentos no momento do culto, ou significados da bíblia que só podem ser alcançados pelas pessoas especiais, autoridades espirituais, cristãos mais espiritualmente elevados.

Paulo alertou Timóteo sobre os que buscariam esses tipos de ensinamentos:

"Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos." 2 Tm 4.3

Segundo a exortação de Paulo, haveria já naquele tempo pessoas que prefeririam ouvir doutrinas de heresias e sem fundamento bíblico e isso seria consequência do próprio desejo delas de ouvirem falsos ensinamentos (entre eles o misticismo) de acordo com o que fosse conveniente para eles.

            Todas essas coisas, e muitas mais além dessas, são sinais de um cristianismo pós-moderno distante da bíblia e que ruma para o fracasso. Antes de Israel possuir a terra de Canaã Moisés os advertiu a respeito desse tipo de prática, que era comum entre os cananeus.

Não permitam que se ache alguém entre vocês que queime em sacrifício o seu filho, ou a sua filha; que pratique adivinhação, ou dedique-se à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria, ou faça encantamentos; que seja médium ou espírita, ou que consulte os mortos. O SENHOR têm repugnância por quem pratica essas coisas” Dt 18.10-12b
           
            Paulo, quando escreve aos pastores Timóteo e Tito os alerta a respeito das “fábulas judaicas”, um tipo de heresia que surgiu na época que parecia se basear em falsas histórias, fantasiosas, e supersticiosas. E a sua recomendação era: “repreende-os severamente” (Tt 1.13).

            Devemos prezar sempre por um verdadeiro evangelho, baseado apenas nas escrituras e jamais baseado em superstições e experiências pessoais. O verdadeiro Cristianismo não é moldado pelas nossas crenças nem a bíblia interpretada a partir das nossas experiências íntimas. Mas devemos ser orientados pela lógica das Escrituras e pelo seu poder transformador e real. Deixemos de lado essa busca pelo mágico e busquemos uma relação sã com Espírito Santo de Deus que está presente na nossa vida e não deixa que sejamos iludidos pelo inimigo. 
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¹ Cremos em milagres sobrenaturais, principalmente na ressurreição de Cristo; nos relacionamos com o Espírito Santo de Deus; e adoramos o  nosso criador Yahweh.
 ² Há quem creia e ensine que os simples nomes de Jesus e Deus emanam poder, podendo realizar milagres apenas ao serem citados.

Se ainda não viu, veja:
Parte 1 - O Processo de Institucionalização da Igreja
Parte 3 - O Paganismo na Igreja de Hoje
Parte 4 - O Catolicismo na Igreja de Hoje
Parte 5 - Conclusão: Uma Visão Crítica da Igreja de Hoje 

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