Varão... Varoa... Paz do Senhor... Eis que o Senhor vos fala
aos corações.
São facilmente perceptíveis os
jargões, costumes, modos de vestir-se de muitas das comunidades cristãs hoje.
Nenhum preconceito, e nada contra. Mas acho bastante curiosos esses novos usos
e costumes (dos séc. XIX, XVIII, XVII...) que nascem quase que espontaneamente
na mente dos novos convertidos (acho que deve ser algum conceito pré-concebido
do evangelho) e que nossas igrejas carregam ao longo dos anos (acho que, em parte também tem relação com a linguagem das traduções bíblicas usadas nas igrejas como a ACF ou a ARC).
É engraçado
como isso entra na nossa mente e nem percebemos. As vezes na rua chamamos
alguém pelo nome, mas no culto ele vira “irmão fulano”. As palavras homem e
mulher são trocadas por varão e varoa, já vi até com alguns adjetivos: varão
santo, varão de guerra. Boa tarde, Boa noite... viram “Paz do Senhor” (nada
contra, só falando...). Nossas instalações também seguem esse padrão,
construções góticas, púlpitos grandiosos e imponentes, os antigos e velhos
bancos de madeira velhos, antigos (velhos, antigos...), e desconfortáveis.
O problema
é: Como fica a nossa comunicação, com as pessoas de fora [do cristianismo], com
tanto “crentês” falado? Como somos vistos? Muitos acham que se não usar
palavras arcaicas e jargões “proféticos” você não é cristão. Dizem que as
bíblias boas são aquelas do com linguagem do "século XV", que existe um estilo de
vestir característico. Crente tem que andar “empacotado” e comprar na loja que
vende a “moda evangélica”. Já me perguntaram se crente podia fazer musculação e
usar regata.
“Fiz-me tudo para com
todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do
evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.” I Co 9.22b-23
Paulo era um
homem de várias culturas: grega, romana, judaica, cristã... Isso se vê claramente
nos relatos bíblicos e nos seus escritos em que, com muita maestria, discursa
aos romanos, usa metáforas gregas, argumenta aos judeus, mas sem perder de foco
o ponto de vista cristão. Paulo, em I Co 9.22b-23, confessa ser alguém que se
abstém de si mesmo e seus próprios gostos para chegar a compreender e atingir
as necessidades daqueles para os quais ele pregava o evangelho. Ele compreendia
a cosmovisão das pessoas do primeiro século e usava isso a seu favor a fim de
que Cristo "transitasse" em todos os contextos e culturas.
E nós hoje devemos agir como Paulo agiu quando viveu. Vivemos no séc. XXI, temos que
proclamar o evangelho às pessoas do séc. XXI. Compreender como o mundo age e
julga o que está ao seu redor. As características do pensamento (que se forma
ainda) chamado pós-moderno onde conceitos como consumismo, globalização e
pluralidade fazem toda a diferença. Temos que aprender a ser cultos quando
necessário, descolados quando permitido; ouvir muitas vezes é o melhor
discurso; falar “mano” de vez em quando não mata; as vezes “pobrema” comunica
mais que “problema”.
Porém, não quer dizer que falar uma
linguagem atual fará as pessoas serem convertidas mais facilmente (I Co 2.14).
Mas temos que ser coerentes, e fazer o que pudermos para que o evangelho seja
divulgado em todos os contextos. Jesus adaptou-se as situações quando
necessário, forte exemplo disso são as parábolas, estórias ilustrativas do
cotidiano de quem ouvia e que Jesus usou largamente.
Preguemos Jesus contextualizado.
Shalom;
Maykon
Renner
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