וַ[1]יְכֻלּ֛וּ[2] הַשָּׁמַ֥יִם וְהָאָ֖רֶץ וְכָל־צְבָאָֽם[3]׃
וַיְכַ֤ל[4] אֱלֹהִים֙ בַּיֹּ֣ום הַשְּׁבִיעִ֔י[5] מְלַאכְתֹּ֖ו אֲשֶׁ֣ר
עָשָׂ֑ה וַיִּשְׁבֹּת֙ בַּיֹּ֣ום הַשְּׁבִיעִ֔ מִכָּל־מְלַאכְתֹּ֖ אֲשֶׁ֥ר עָשָֽׂה׃
וַ[6]יְבָ֤רֶךְ[7] אֱלֹהִים֙ אֶת־יֹ֣ום הַשְּׁבִיעִ֔י וַיְקַדֵּ֖שׁ[8] אֹתֹ֑ו
כִּ֣י[9] בֹ֤ו שָׁבַת֙ מִכָּל־מְלַאכְתֹּ֔ו אֲשֶׁר־בָּרָ֥א אֱלֹהִ֖ים לַעֲשֹֽׂות׃
Tradução (minha):
1
Assim foram acabados os céus, a terra e tudo que existe neles. 2 No sétimo
dia[10] Deus terminou a sua obra, e nesse dia descansou de tudo que fizera. 3 E
Deus abençoou o sétimo dia[11], porque nele descansou de toda obra que criou.
v. 1 – Este primeiro versículo (que inicia com um vav conjuntivo – que, no caso, funciona como uma conjunção conclusiva) afirma o final da criação. E o verbo Kalah reforça a ideia de que a criação foi concluída por completo. Kalah (terminou) – está relacionado à conclusão de um processo, e tem ênfase em sua totalidade. O processo foi concluído por inteiro, completamente. O texto original traz “os céus, a terra e todo o seu exército” esta é uma referência a totalidade da criação: os céus, com todos os seus corpos celestes e animais voadores; a terra com todos os animais terrestres, aquáticos, plantas etc. o verbo kalah mostra ainda que tudo que Deus havia determinado para a criação foi terminado definitivamente. O processo criativo de Deus finalizou com a criação do homem. Este versículo retoma o texto de 1.1-31 e também reafirma a ação soberana, única e poderosa de Deus na criação. Mostra que aquilo que Deus determinou foi concretizado e finalizado. Mesmo que o verbo Kalah não tenha um sentido de perfeição a completude, com certeza o texto mostra esse sentido por ser Deus perfeito em tudo que faz.
v. 1 – Este primeiro versículo (que inicia com um vav conjuntivo – que, no caso, funciona como uma conjunção conclusiva) afirma o final da criação. E o verbo Kalah reforça a ideia de que a criação foi concluída por completo. Kalah (terminou) – está relacionado à conclusão de um processo, e tem ênfase em sua totalidade. O processo foi concluído por inteiro, completamente. O texto original traz “os céus, a terra e todo o seu exército” esta é uma referência a totalidade da criação: os céus, com todos os seus corpos celestes e animais voadores; a terra com todos os animais terrestres, aquáticos, plantas etc. o verbo kalah mostra ainda que tudo que Deus havia determinado para a criação foi terminado definitivamente. O processo criativo de Deus finalizou com a criação do homem. Este versículo retoma o texto de 1.1-31 e também reafirma a ação soberana, única e poderosa de Deus na criação. Mostra que aquilo que Deus determinou foi concretizado e finalizado. Mesmo que o verbo Kalah não tenha um sentido de perfeição a completude, com certeza o texto mostra esse sentido por ser Deus perfeito em tudo que faz.
v. 2
– De início o texto (a tradução literal) parece indicar que Deus ainda
trabalhou no sábado antes de descansar. Mas isto estaria em desacordo com o
primeiro versículo, que declara toda a obra da criação como já concluída. A
melhor compreensão seria de que quando Deus descansou da obra da criação ele já
a havia terminado. Também não é correto entender que Deus estivesse cansado de
seu trabalho. No entanto, há uma clara sugestão de que a criação do universo
foi um trabalho que Deus realizou, o verbo utilizado (shavat) remonta à ideia
de um período de descanso após um ciclo de trabalho. Shavat (descansou) –
cessar, desistir, descansar. Assim, a santidade do sábado tem suas raízes na
comemoração jubilosa de Deus como criador e redentor no passado e na
experiência da presença de Deus no descanso do sétimo dia como um sinal da
aliança no presente. Como o guardar sábado (shabbat) só instituído na época de
Moisés, o texto não está falando da prática de guardar o sábado, mas
simplesmente de um período de descanso após a conclusão de um trabalho. O
descanso de Deus foi um ato contemplativo e prazeroso do próprio Deus por tudo
que havia sido criado. Deus deleitou-se por toda sua obra da criação.
v. 3
– O sétimo dia foi abençoado e santificado por Deus, o motivo foi o seu
descanso. Barak (abençoou) – é o ato de abençoar alguém, pode ter um estreita
relação com a palavra joelho, talvez pelo costume de se ajoelhar para receber
alguma benção. No AT quer dizer “conceder poder para alcançar sucesso,
prosperidade, fecundidade, longevidade etc.”. A benção de Deus tem conteúdo,
ela capacita. De acordo com o DITAT, a benção de Deus não é só uma série de
palavras ditas com boa intenção. Mas possui um conteúdo, e capacita o abençoado
para o sucesso, ou seja, o período de descanso é abençoador. E o verbo qadash
denota a separação deste dia como um dia especial, o dia de descanso foi
separado como santo. Qadash (santificou) – no qal tem a conotação do estado
daquilo que é santo/sagrado. No pi’el, como no texto, o ato pelo qual se faz
essa distinção. Declarar algo como santo, ou tornar santo. Como em êxodo, na
consagração do monte Sinai. Foram estabelecidos limites ao seu redor para que o
profano não o atingisse/tocasse. Isso, como também o fato de o termo “dia
sétimo” ser repetido três vezes no hebraico (e referido mais uma vez por um pronome) mostra a superioridade deste dia
em relação aos outros. A partir do seu exemplo e da separação de um dia
especial, santo, para descanso, Deus deixa um legado para a criação, o homem e
sua posteridade.
Síntese:
Síntese:
Deus
é perfeito e tudo que criou também é perfeito. Ao final de sua criação o
próprio Deus descansou e sentiu prazer em sua própria obra. Este descanso é um
exemplo para o homem de que ele deve descansar em Deus regularmente, contemplar
a obra Divina, sentir prazer, separar um tempo especial para Deus e sua obra. É
ainda um tempo santo de trabalho prazeroso, reservado para Deus. Aquele que não
dedica um tempo de descanso para contemplar a obra de Deus e para adorá-lo como
pode afirmar crer no Deus criador? A partir de seu exemplo, o Eterno convoca
toda humanidade a dedicar um tempo santo para adorá-lo
Teologia Bíblica:
O fato de Deus ter descansado no sétimo dia ecoa pela narrativa Bíblica. Em Ex 20 no estabelecimento do decálogo o quarto mandamento é instituído com base em Gn 2.1-3. Deus ordena que seu povo reserve um dia de descanso especial, o sétimo. E assim deveria ser feito porque em seis dias Deus criou o mundo e ao sétimo descansou. Esse conceito era tão importante que nem mesmo animais deveriam trabalhar neste dia, e o descanso se estendia também à terra (Ex 23.10-12; Lv 25.1-7). Em Dt 5.12-15, quando Moisés reafirma a aliança com o povo de Israel, ele repete o decálogo, mas o quarto mandamento é resignificado. Ao invés de ser justificado com base no texto de Gn 2.1-3, Moisés o justifica com base na libertação do povo do Egito. Certamente Moisés não estava anulando a base do primeiro decálogo, mas complementando seu significado. Provavelmente o descanso que Israel obteve do Egito deveria ser relembrado, Deus deveria ser louvado pela redenção que deu ao povo. Isso se alinha com o significado espiritual que o autor de Hebreus dá (tanto baseado em Gn 2.1-3 quanto no Sl 95 e na desobediência do povo no deserto como registrado em Nm 14) ao fato de Deus dar descanso [celestial] aos que o obedecem. Nota-se, logo, um claro desenvolvimento na "teologia do descanso", que começou com o exemplo de Deus e uma exortação para adorá-lo pela criação (AT) até a compreensão (completa) de que o descanso é a redenção de Deus (NT).
Shalom;
Maykon Renner.
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Teologia Bíblica:
O fato de Deus ter descansado no sétimo dia ecoa pela narrativa Bíblica. Em Ex 20 no estabelecimento do decálogo o quarto mandamento é instituído com base em Gn 2.1-3. Deus ordena que seu povo reserve um dia de descanso especial, o sétimo. E assim deveria ser feito porque em seis dias Deus criou o mundo e ao sétimo descansou. Esse conceito era tão importante que nem mesmo animais deveriam trabalhar neste dia, e o descanso se estendia também à terra (Ex 23.10-12; Lv 25.1-7). Em Dt 5.12-15, quando Moisés reafirma a aliança com o povo de Israel, ele repete o decálogo, mas o quarto mandamento é resignificado. Ao invés de ser justificado com base no texto de Gn 2.1-3, Moisés o justifica com base na libertação do povo do Egito. Certamente Moisés não estava anulando a base do primeiro decálogo, mas complementando seu significado. Provavelmente o descanso que Israel obteve do Egito deveria ser relembrado, Deus deveria ser louvado pela redenção que deu ao povo. Isso se alinha com o significado espiritual que o autor de Hebreus dá (tanto baseado em Gn 2.1-3 quanto no Sl 95 e na desobediência do povo no deserto como registrado em Nm 14) ao fato de Deus dar descanso [celestial] aos que o obedecem. Nota-se, logo, um claro desenvolvimento na "teologia do descanso", que começou com o exemplo de Deus e uma exortação para adorá-lo pela criação (AT) até a compreensão (completa) de que o descanso é a redenção de Deus (NT).
Shalom;
Maykon Renner.
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[1]Vav
conjuntivo – “e” assim, quando, pois.
[2]Verbo
kalah na 3 pes. Masc. Plu. Está no modo Pu’al (acabar algo, concluir, pôr um
limite ou finalizar). Está na voz passiva, aqui o sujeito da passiva são céus e
terra.
[3]Tseva’am
– singular exército (essa palavra tem uma conotação militar, mas nesse contexto
faz referência aos corpos celestes, os “exércitos” do céu).
[4]Verbo kalah no piel 3 pes. Mas. Sing. (acabou) Aqui deus é o sujeito da ação.
[5]Numeral ordinal “sétimo”. O sétimo dia.
[6]Este,
e os outros vav’s do texto ligados ao imperfeitos são vav’s conversivos, indicam
um passado narrativo.
[7]Pi’el
na 3 p. m. s. de barak – abençoar.
[8]Piel
3 p. m. s. de qadash – consagrar, ser santo, santificar, dedicar, preparar.
[9]Partícula
que expressa relacionamento causal, temporal. Pois, porque, mas certamente, por
causa de...
[10]As
expressões em destaque são referências a “sétimo dia” que ocorrem no texto
original. Daí vê-se a importância da expressão no texto. Em dois versículos ela
ocorre 4x.
[11]Algumas
versões traduzem esta expressão como "sábado". No entanto, a palavra
"sábado" não é a melhor tradução. Visto que o conceito do sábado
judeu só surgiu no decálogo. E a ideia aqui é mais de uma ordem lógica dos
dias.
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