Certa vez em uma aula no seminário o
Prof. Pr. Marcelo comentou sobre o “terror” de muitos quando estão lendo a Bíblia
sequencialmente e chegam em Levítico. E meio que desestimulados alguns
simplesmente pulam o livro, outros apenas desistem da leitura bíblica. Para
muitos é um livro chato, repleto de leis e sacrifícios inúteis e que não faria
falta no cânon bíblico. Mas como todos os outros livros Levítico também tem o
seu brilho especial.
Dando sequência ao livro de Êxodo, em
Levítico vemos que para o povo de Israel havia uma proposta de manutenção do
seu relacionamento com Yahweh. Relacionamento que se assemelha ao do suserano-vassalo/senhor-servo,
que era comum naquela época e região. Moisés apresenta ao povo um conjunto de
regras que deveriam compor as leis cerimoniais da nação. E todas as exigências feitas
pelo Senhor da nação não foram arbitrárias, seguiam um princípio: a santidade, tinham
um objetivo: a santidade, tinham um motivo: a santidade.
A palavra hebraica vwdq (qadosh),
“santo”, aparece 73 vezes em todo o livro. E todo o argumento do livro gira em
torno de yna vwdq yK (ki qadosh ani), “Porque Eu [Yahweh] sou santo”. O povo aprende a
partir dessas palavras qual é a essência do caráter do seu Deus: a santidade.
Yahweh é intrinsecamente santo, puro, imaculado e imaculável, diferente do
homem. Essa concepção a respeito do caráter Divino ecoa pela bíblia. Números
23.19a diz: “Deus não é homem para que
minta”. Aqui, mais uma vez, o caráter santo de Deus é ressaltado, como
também sua diferença do homem. O mesmo acontece em Oséias 11.9: “Não executarei o furor da minha ira, nem
voltarei para destruir Efraim. Porque eu sou Deus, e não homem, o Santo no meio
de ti. Eu não entrarei na cidade.”
Em Salmos um dos motivos para louvar
a Yahweh é porque Ele é santo: “Exaltai
ao Senhor nosso Deus, e adorai-o no seu santo monte, pois o Senhor nosso Deus é
santo.” Sl 99.9. É maravilho ver também que o profeta Habacuque não tinha
dúvidas sobre a santidade de Yahweh, tanto que ela era o motivo da sua fé nEle
naquele momento: “Não és tu deste a
eternidade, ó Senhor meu Deus, meu Santo? Nós não morreremos.”
Em
Jesus Cristo, Deus e filho, vemos os traços da santidade do pai. Foi tentado no
deserto pelo próprio Satanás (Mt 4.1-17; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13), no entanto não
pecou. Em João 8.46 Ele mesmo pergunta aos seus acusadores: “Pode algum de vós acusar-me de pecado?”. E
a santidade do Filho foi o que nos permitiu ser alcançados pelo misericórdia do
Pai. Como pode-se ver pela declaração de João Batista ao ver Jesus: “Eis o cordeiro de Deus, que tira os pecados
do mundo”. O cordeiro que segundo o AT tinha que ser imaculado, perfeito,
como o Cristo foi. Era a nossa necessidade como fala o autor de Hebreus: “É de um
sumo sacerdote como este que precisávamos: santo, inculpável, puro, separado
dos pecadores, exaltado acima dos céus.” Hb 7.26
Voltando-nos para Levítico vemos que
o fato de Deus ser santo exigia uma atitude de Israel. “Sede santos, porque Eu
sou Santo”. Yahweh por ser santo não tolera a impureza e exige que seus servos
sejam santos (Lv 11.44; 45; 19.2; 20.7; 20.26). Isso era exigido por causa do
relacionamento senhor-servo que havia entre Yahweh e seu povo. E assim como
Yahweh libertou o povo do Egito e por isso exigia sua santidade, também
libertou-nos da condenação eterna e é necessário que nos santifiquemos para o
nosso Deus.
Sejamos
santos, porque o nosso Deus é santo. A santificação nos qualifica a desfrutar
do nosso relacionamento com Deus.
Shalom;
Maykon
Renner.
Nota: A figura do leão é um figura bastante usada para simbolizar Deus, então achei que um figura de um leão albino poderia simbolizar bem a questão.
- Bíblia de Estudos Thompson. Tradução de João Ferreira de Almeida, versão contemporânea.
- Bíblia Hebraica Stuttgartensia. Editada por K. Elliger e W. Rudolph. Sociedade Bíblica do Brasil.
- HARRIS, R. Laird; ARCHER JR, Gleason L; WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.
- HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Editora Vida, 1983.
- ZUCK, Roy. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2010
- Bíblia de Estudos Thompson. Tradução de João Ferreira de Almeida, versão contemporânea.
- Bíblia Hebraica Stuttgartensia. Editada por K. Elliger e W. Rudolph. Sociedade Bíblica do Brasil.
- HARRIS, R. Laird; ARCHER JR, Gleason L; WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.
- HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Editora Vida, 1983.
- ZUCK, Roy. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2010
Bom dia.
ResponderExcluirMais um importante ensinamento para que saibamos e nunca esqueçamos que cada livro da bíblia tem uma proposta especial e deve ser dada a devida atenção a cada um deles.
Lembrando o que foi dito, que a santidade de Cristo deve habitar em nós para que andemos em fortalecida comunhão com Deus.