sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Conhecendo Deus a Partir de Levítico: O Caráter de Deus



Certa vez em uma aula no seminário o Prof. Pr. Marcelo comentou sobre o “terror” de muitos quando estão lendo a Bíblia sequencialmente e chegam em Levítico. E meio que desestimulados alguns simplesmente pulam o livro, outros apenas desistem da leitura bíblica. Para muitos é um livro chato, repleto de leis e sacrifícios inúteis e que não faria falta no cânon bíblico. Mas como todos os outros livros Levítico também tem o seu brilho especial.

Dando sequência ao livro de Êxodo, em Levítico vemos que para o povo de Israel havia uma proposta de manutenção do seu relacionamento com Yahweh. Relacionamento que se assemelha ao do suserano-vassalo/senhor-servo, que era comum naquela época e região. Moisés apresenta ao povo um conjunto de regras que deveriam compor as leis cerimoniais da nação. E todas as exigências feitas pelo Senhor da nação não foram arbitrárias, seguiam um princípio: a santidade, tinham um objetivo: a santidade, tinham um motivo: a santidade.

A palavra hebraica vwdq (qadosh), “santo”, aparece 73 vezes em todo o livro. E todo o argumento do livro gira em torno de yna vwdq yK (ki qadosh ani), “Porque Eu [Yahweh] sou santo”. O povo aprende a partir dessas palavras qual é a essência do caráter do seu Deus: a santidade. Yahweh é intrinsecamente santo, puro, imaculado e imaculável, diferente do homem. Essa concepção a respeito do caráter Divino ecoa pela bíblia. Números 23.19a diz: “Deus não é homem para que minta”. Aqui, mais uma vez, o caráter santo de Deus é ressaltado, como também sua diferença do homem. O mesmo acontece em Oséias 11.9: “Não executarei o furor da minha ira, nem voltarei para destruir Efraim. Porque eu sou Deus, e não homem, o Santo no meio de ti. Eu não entrarei na cidade.”

            Em Salmos um dos motivos para louvar a Yahweh é porque Ele é santo: “Exaltai ao Senhor nosso Deus, e adorai-o no seu santo monte, pois o Senhor nosso Deus é santo.” Sl 99.9. É maravilho ver também que o profeta Habacuque não tinha dúvidas sobre a santidade de Yahweh, tanto que ela era o motivo da sua fé nEle naquele momento: “Não és tu deste a eternidade, ó Senhor meu Deus, meu Santo? Nós não morreremos.”

            Em Jesus Cristo, Deus e filho, vemos os traços da santidade do pai. Foi tentado no deserto pelo próprio Satanás (Mt 4.1-17; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13), no entanto não pecou. Em João 8.46 Ele mesmo pergunta aos seus acusadores: “Pode algum de vós acusar-me de pecado?”. E a santidade do Filho foi o que nos permitiu ser alcançados pelo misericórdia do Pai. Como pode-se ver pela declaração de João Batista ao ver Jesus: “Eis o cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo”. O cordeiro que segundo o AT tinha que ser imaculado, perfeito, como o Cristo foi. Era a nossa necessidade como fala o autor de Hebreus: É de um sumo sacerdote como este que precisávamos: santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima dos céus.” Hb 7.26

            Voltando-nos para Levítico vemos que o fato de Deus ser santo exigia uma atitude de Israel. “Sede santos, porque Eu sou Santo”. Yahweh por ser santo não tolera a impureza e exige que seus servos sejam santos (Lv 11.44; 45; 19.2; 20.7; 20.26). Isso era exigido por causa do relacionamento senhor-servo que havia entre Yahweh e seu povo. E assim como Yahweh libertou o povo do Egito e por isso exigia sua santidade, também libertou-nos da condenação eterna e é necessário que nos santifiquemos para o nosso Deus.

Sejamos santos, porque o nosso Deus é santo. A santificação nos qualifica a desfrutar do nosso relacionamento com Deus.



Shalom;

Maykon Renner.

Nota: A figura do leão é um figura bastante usada para simbolizar Deus, então achei que um figura de um leão albino poderia  simbolizar bem a questão.

- Bíblia de Estudos Thompson. Tradução de João Ferreira de Almeida, versão contemporânea.
- Bíblia Hebraica Stuttgartensia. Editada por K. Elliger e W. Rudolph. Sociedade Bíblica do Brasil.

- HARRIS, R. Laird; ARCHER JR,  Gleason L; WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998.
- HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Editora Vida, 1983.
- ZUCK, Roy. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2010

Um comentário:

  1. Bom dia.
    Mais um importante ensinamento para que saibamos e nunca esqueçamos que cada livro da bíblia tem uma proposta especial e deve ser dada a devida atenção a cada um deles.
    Lembrando o que foi dito, que a santidade de Cristo deve habitar em nós para que andemos em fortalecida comunhão com Deus.

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